sexta-feira, 6 de junho de 2014

"Querelas literárias", de Alfred Tennyson

"Ah, Deus! Os mesquinhos loucos da rima
que guincham e suam em guerras de pigmeus
perante o empedernido rosto do Tempo
e que são olhados pelas estrelas silenciosas;
que se odeiam uns aos outros por uma canção
e dão o seu melhor, que é pouco, em morder
e beliscar os seus confrades na multidão
e arranhar os próprios mortos por despeito;
e estiram-se para arranjarem uma polegada de espaço
para os seus doces egos, e não conseguem ouvir
o agouro rolante do soturno Letes
neles e nos seus e em todas as coisas aqui;
quando um pequeno toque de Caridade
poderia erguê-los mais perto da condição divina
do que se a populosa orbe chorasse
como aqueles que grandemente choraram Diana.
Eu também falo, e perco o toque
de que falo. Certamente, depois de tudo,
a resposta mais nobre a tal coisa
é a perfeita quietude enquanto eles brigam."

(De Poemas de Alfred Tennyson, tradução de Octávio dos Santos, publicação da Saída de Emergência, Portugal.)

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